Crianças que brincam se desenvolvem mais

Pesquisa feita pela Faculdade de Medicina da USP ensinou os pais a brincarem com seus filhos e a estimulá-los de acordo com a faixa etária


Um estudo inédito do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), na comunidade de Paraisópolis, em São Paulo, treinou agentes comunitários para ensinar pais de crianças entre seis meses e 3 anos a fazer algo simples, mas de extrema importância para o desenvolvimento delas: brincar.
Com objetos feitos a partir de sucatas, como barbantes e garrafas pet, e atividades adequadas à faixa etária, o estudo conduzido pelas pesquisadoras Sandra Grisi e Alexandra Brentani mostrou que as crianças que foram acompanhadas tiveram um desenvolvimento muito superior em relação àquelas que não sofreram nenhuma intervenção.
Os resultados foram tão expressivos que Projeto de Estimulação da Primeira Infância deve ser replicado em escala municipal ao longo deste ano. O objetivo dele é fornecer aos pais conhecimento sobre o desenvolvimento infantil, melhorar a interação deles com os filhos, ensinar as famílias a fazerem brinquedos em casa e melhorar o desenvolvimento intelectual, socioemocional e a linguagem das crianças.
crianças que brincam se desenvolvem mais - Foto: yaelnir75 / pixabay.com
Especialista em primeira infância, a psicóloga e pedagoga Maria Drummond Gruppi, da Escola Ponto Omega, em São Paulo, destaca a importância do brincar para o desenvolvimento infantil. “Ao brincar de ser, simbolicamente, tudo o que não pode ser, a criança elabora a sua constituição psíquica”, explica. Maria também alerta que brinquedos muito elaborados podem tirar a capacidade da criança de criar e inventar, o que é fundamental na infância. “Quanto mais elaborado ou eletrônico for o brinquedo, maior será o obstáculo à fantasia da criança, deixando-a no mero papel de expectadora”.
A pedagoga também defende que os pais dêem tempo livre aos seus filhos. “Alguns pais preenchem o tempo todo das crianças com atividades e afazeres e se esquecem de que elas precisam de um tempo livre para o ócio criativo. Só depois de imaginarem o que fariam ecomo fariam, é que elas passam a criar e agir”.

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