Respirar pela boca traz riscos ao nenê

A respiração nasal é fundamental para o desenvolvimento da criança. Esse tipo de respiração deve continuar até o final da vida. Entretanto, algumas interferências surgem, fazendo com que a criança encontre dificuldade em respirar pelo nariz. Daí, passa a respirar somente pela boca.

Tais interferências podem ser relacionadas à falta de amamentação no peito, hábitos orais inadequados (chupetas, mamadeiras, sugar dedo), aumento de adenóides e amídalas, processos alérgicos e desvio de septo.

Essa mudança da respiração pode parecer muito boba, mas não é, merece muita atenção. O nariz tem a finalidade de filtrar, umedecer e aquecer o ar inspirado que seguirá para os pulmões. As conseqüências da respiração oral são prejudiciais, principalmente com o passar dos anos.

A troca da respiração nasal pela oral traz sérios prejuízos à formação do bebê, explica a fonoaudióloga Jamile Elias. “Respirar pela boca altera a função muscular. Os músculos da face tornam-se flácidos e a boca fica mais facilmente aberta. Essa flacidez faz com que ela respire ainda mais pela boca, não tendo força para mastigar alimentos mais sólidos. A respiração oral altera a mastigação, deglutição e sucção, e provoca modificações na arcada dentária como queixo para trás, céu da boca estreito e profundo, além de má formação da arcada”, revelou a profissional.

Em casos mais graves, o hábito de respirar pela boca pode modificar, inclusive, a face, de modo que o rostinho fique alongado e com a fisionomia triste. Posteriormente, a alteração muscular começa atingir a postura corporal, podendo deixar os ombros caídos para frente, problemas na coluna e joelhos para dentro.

“Como o ar não é filtrado, umedecido e aquecido, infecções como amigdalites, otites, rinites e sinusites são freqüentes. Aumenta também as crises de cefaléias (dores de cabeça) e, quando adulto, ela poderá apresentar a Síndrome da Apnéia Obstrutiva do Sono, que são as pessoas que ficam um tempo sem respirar enquanto roncam durante o sono”, completou Jamile Elias.

Má respiração pode afetar os estudos

A respiração feita somente via oral compromete a educação na infância. A criança tenderá a ficar cansada em suas brincadeiras e em atividades físicas. Na fase da alfabetização, ela poderá sofrer dificuldade em manter a atenção, por conseqüência, ficará mais agitada e até mesmo agressiva com os colegas, pois terá mais dificuldade em se concentrar.

Para descobrir se seu filho apresenta problemas de respiração, Jamile Elias dá algumas recomendações importantes. “Fique atenta se seu filho dorme com a boca aberta, ronca, baba durante o sono e tem pesadelos freqüentes. Outros indícios de que a respiração está sendo feita de forma inadequada estão ligados ao sono agitado, olheiras, diminuição de olfato e paladar, sonolência ou agitado durante o dia, assim como dificuldade de aprendizagem ou desconcentração”, revelou.

O diagnóstico acertado e o tratamento precoce podem auxiliar muito na segurança que a criança vai apresentar diante de todos os aprendizados futuros, podendo gerar a reversão de dificuldades e de indisciplina se já instalados. Prevenir ainda é o melhor “remédio”. Quanto antes o diagnóstico for realizado, menor os prejuízos para a criança.

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