Como Deve Ser Iniciada a Alimentação do Bebê?

A Organização Mundial da Saúde (OMS), recomenda que os bebês sejam alimentados exclusivamente com leite materno nos primeiros seis meses de vida, e que a partir de então, a amamentação seja mantida por dois anos ou mais, juntamente com o uso de alimentos complementares adequados. A Academia Americana de Pediatria (AAP) segue a mesma orientação, enquanto a Academia Americana de Alergia, Asma e Imunologia diz que de 4 a 6 meses o bebe já está apto para receber alimentos, o que vai de encontro com a orientação de muitos pediatras e nutricionistas. Neste sentido, o feeling dos pais e a orientação do pediatra é importante. Alguns sinais de que o bebê pode estar pronto para começar a comer alimentos sólidos incluem:

  • Sentar-se com o mínimo de apoio,
  • Demonstrar bom controle da cabeça
  • Pegar comida no prato de outros membros da família
  • Estar curioso, olhando para todos os lados, especialmente o que os pais estão comendo
  • O bebê perdeu o reflexo de empurrar a língua, o que significa que ele não jogará os alimentos para fora da boca quando serão oferecidos
  • O bebê pega coisas entre os dedos e o polegar
  • Ele ainda parece estar com fome depois de várias mamadas

Se você respondeu sim a essas perguntas e o pediatra do seu bebê concordar, então, pode começar.

Lembre-se de que não há necessidade de apressar. Cada criança é diferente e única. Porém os pais devem ter cuidado para não iniciar os sólidos tarde demais. Depois de seis meses, o leite materno ou a fórmula infantil, podem não ser mais capazes de atender às necessidades nutricionais, por isso os alimentos são importantes.

Dar ao seu bebê o primeiro gosto de comida, é um passo empolgante e emocionante para os pais, e importante para o desenvolvimento do bebê. É um marco que abre um novo mundo de sabores, texturas e muitas descobertas que contribuirão para o crescimento saudável da criança.

Quais são os métodos de introdução alimentar?

Além da tradicional papinha, que envolve basicamente amassar os alimentos (sem uma ordem específica) no garfo, e oferecê-los em forma pastosa ao bebê, o BLW (baby-led weaning) tem ganhado popularidade nos últimos anos. Vale lembrar que, no momento de decidir como será a introdução alimentar, é importante considerar os hábitos e a rotina da família e do bebê.

BLW

O método BLW tem ganhado muitos adeptos. Pensado e desenvolvido pela britânica Gil Rapley, este termo significa, em tradução livre, “desmame guiado pelo bebê”, consiste em oferecer alimentos em pedaços e em consistência adequada, de modo que ele mesmo se alimente, de acordo com sua curiosidade, apetite e interesse.

Por onde começar????

A Academia Americana de Pediatria afirma que, não é preciso dar os alimentos em uma determinada ordem. Por tradição, os cereais são oferecidos primeiro. No entanto, não há relatos que a introdução alimentar em qualquer ordem tenha uma vantagem. Embora muitos pediatras recomendem começar com vegetais antes das frutas, não há evidência que o bebê desenvolverá preferência por vegetais se as frutas forem oferecidas em um segundo momento, ou vice versa.

Comece simples

Ofereça um único alimento de cada vez que não contenham açúcar e sal. Espere de dois a três dias entre cada novo alimento, para ver se o bebê apresenta reação como assadura, vômito, irritabilidade, sono perturbado, manifestações na pele tipo alergias. Depois que seu bebê aprender a comer um alimento, ofereça gradualmente outros.

Consistência dos alimentos

Os bebês precisam aprender sobre texturas e sabores, por isso considere introduzir alimentos ligeiramente amassados​​. Os bebês podem triturar os alimentos com as gengivas, e este exercício ajuda a desenvolver os músculos da mastigação. Além disso, estudos mostram que crianças podem ter menos probabilidade de hábitos alimentares seletivos, se forem expostos a alimentos mais densos antes dos 9 meses de idade.

Ao completar sete meses, a criança deverá receber duas papas de frutas (manhã e tarde) e duas papas salgadas (almoço e jantar).

Quantidade

  • Comece com meia colher de sopa pela manhã. Converse com seu bebê durante o processo. A criança pode não saber o que fazer no início, ficar confusa, rolar a comida dentro da boca e até rejeitá-la completamente.
    Nunca force o bebê a ingerir mais quantidade que a desejada.
    Aumente gradualmente a quantidade e a frequência da alimentação para satisfazer a fome e o interesse.
  • Não se surpreenda se as primeiras refeições sólidas acabarem no rosto, nas mãos e no babador.
    Não faça seu bebê comer se ele chorar ou se afastar quando você o alimentar. Volte a amamentar ou dar mamadeira por um tempo antes de tentar alimentá-lo novamente. Lembre-se que começar com alimentos sólidos é um processo gradual. No início seu bebê ainda obterá a maior parte de sua nutrição com leite materno ou fórmula.
  • Quando o bebê completar 12 meses, ele poderá comer a alimentação da família (exceto os alimentos industrializados, gordurosos e com excesso de sal e açúcar), mas talvez você ainda precise cortar alguns alimentos em pedaços menores.
  • Não dê suco de frutas, mesmo natural até os 2 anos de idade.
  • Ofereça comida quando o bebê estiver com vontade. Pode ser durante um momento de silêncio, ou em um momento em que toda a família também esteja comendo.
  • Se o bebê parecer não gostar de um novo alimento, ofereça-o novamente em outro momento, com preparo de forma diferente. Pode demorar algumas vezes até que ele aprenda a desfrutar de um novo sabor.
  • Não tenha medo de testar novamente um alimento que o bebê previamente não tenha gostado
  • Nunca deixe o bebê sozinho com comida, ele pode se engasgar. Por isso, tenha muito cuidado.
  • Se houver histórico familiar de alergia alimentar, consulte o médico pediatra ou alergista sobre quando iniciar seu bebê com alimentos que tendem a ser mais alergênicos, pois podem diferir das recomendações para bebês sem histórico alérgico. Esses alimentos incluem frutas cítricas (laranjas, limões), kiwi, morangos, ovos, soja (leite de soja, tofu) e leite de vaca (queijos, iogurte e sorvete), nozes e frutos do mar.
  • Quando seu bebê começar a comer, suas fezes se tornam mais sólidas, de cor variável e com odor muito mais forte. Ervilhas e outros vegetais verdes podem deixar o coco de uma cor verde-escura, e beterraba pode torná-las vermelha. (Às vezes, a beterraba também deixa o xixi vermelho). O coco também pode ter pedaços de comida não digeridos, especialmente cascas de milho, tomates ou outros vegetais. Tudo isso é normal. O sistema digestivo do bebê ainda está imaturo e precisa de tempo antes de poder processar totalmente esses novos alimentos. No entanto, se as fezes estiverem extremamente soltas, aquosas ou cheias de muco, isso pode significar que o trato digestivo está irritado. Neste caso, reduza a quantidade de sólidos e introduza-os mais lentamente. Se as fezes continuarem soltas e aquosas converse com o pediatra.

APRESENTANDO ÁGUA PARA BEBÊS

  • Durante os primeiros 6 meses, mesmo em climas quentes, o leite humano contém toda a água de que os bebês precisam.
  • Quando o bebê completar 6 meses, você pode oferecer água, porém com moderação. Experimente dar um pouco de água em um copo sem bico.
  • Evite água de torneira e bebidas que contenham açúcar, adoçantes e cafeína.
  • Também poderá oferecer água de coco natural e chá das seguintes ervas: hortelã, camomila e erva-doce.
  • Ao iniciar com a papa salgada, lembre-se de oferecer água nos intervalos das mamadas, ou mamadeira com pelo menos 30 minutos antes e após a refeição.

Aqui estão algumas dicas para preparar alimentos:

  • Frutas e vegetais duros, como maçãs e cenouras precisam ser cozidos para que possam ser amassados
  • Remova toda a gordura, pele e ossos de aves, carnes e peixes antes de cozinhar.
  • Alimentos como uvas, ovos de codorna e tomate cereja devem ser cortados na vertical.
  • Grãos integrais como trigo, cevada e arroz devem ser cozidos até ficarem bem macios
  • Legumes frescos devem ser lavados, descascados e cozidos até ficarem macios. Vegetais congelados são convenientes para ter à mão.
  • Bebês geralmente preferem frango, porém carne e peixe também são importantes.
  • As hortaliças (legumes e folhas) e as raízes (inhame, cará, batata doce, mandioquinha, mandioca) no vapor, e os alimentos como o arroz, painço e a carne na panela de pressão. As hortaliças deverão ser cozidas até que fiquem macias, porém não exagerar no tempo de cocção, preservando os nutrientes.
  • Sempre que possível compre orgânicos.
  • À medida que forem introduzidos os alimentos, montar o prato com as comidas separadas. É importante que o bebê vá se familiarizando com cada cor e sabor diferente.
  • Sempre variar o máximo e não utilizar o mesmo alimento diariamente. Além de incentivar o bebê a experimentar novos sabores, reduzirá a probabilidade de alergia alimentar.
  • A temperatura dos alimentos não pode ser muito fria, nem muito quente.
  • Acrescentar as folhas quando os alimentos já estiverem todos cozidos, ou seja, acrescente a folha e desligar o fogo, mantendo a panela tampada por mais alguns minutos.


Cuidados com os utensílios em que serão preparados os alimentos.

  • O ideal é panela de inox ou vidro. Evite as de alumínio.
  • Evitar talheres de plásticos ou silicone para mexer os alimentos e vasilhames para armazenar os alimentos.
  • Não aquecer no micro-ondas em potes de plásticos.
  • Utilizar colheres de pau, sendo que após o uso deverão ser lavadas com água e detergente neutro, e em seguida colocar no forno para secar e somente após guardar.
  • Trocar estas colheres a cada 2 meses.

Alimentos e bebidas que devem ser evitadas durante a introdução alimentar

  • Mel até 12 meses – isso evitará o risco de contaminação pelo botulismo infantil
  • Ovos crus ou mole e alimentos que contêm ovos crus, como maionese caseira, até 12 meses – bactérias em ovos crus podem ser prejudiciais para os bebês
  • Laticínios com baixo teor de gordura até 2 anos de idade
  • Leite de soja, de cabra, de ovelha até 2 anos
  • Extrato de arroz, aveia, amêndoa ou de coco até os 2 anos de idade
  • Chá, café ou bebidas adoçadas com açúcar em todas as idades
  • Suco de frutas deve ser limitado em todas as faixas etárias. As frutas têm os nutrientes que as crianças precisam.
  • Não ofereça leite de vaca antes dos 2 anos de idade. Este não atende às necessidades nutricionais de uma criança.

Não recomendado para menores de 4 anos devido ao risco de asfixia:

  • Pipoca e milho inteiro
  • Nozes, amêndoas, pistaches, amendoim e sementes
  • Pedaços grandes de carne, frango e queijos envelhecidos
  • Doces, balas de goma e jujubas
  • Frutas ou vegetais duros e crus, como maçãs, aipo e cenouras
  • Uvas inteiras e tomate cereja, a menos que cortados na horizontal
  • Alimentos pegajosos como manteiga de amendoim, que podem ficar presos no fundo da boca, Manteiga de amendoim não tem problema se espalhada no pão

Bons hábitos alimentares começam cedo

É importante o hábito de comer à mesa, descansar os talheres entre as mordidas, e parar quando estiver satisfeito. Essas experiências iniciais ajudarão seu filho a aprender bons hábitos alimentares ao longo da vida. Incentive refeições em família sempre que possível. Pesquisas mostram que refeições com os pais, tem efeitos positivos no desenvolvimento das crianças. Lembre-se de oferecer variedade de alimentos ricos em nutrientes e não superalimente seu filho.

Criar Relacionamento Saudável ​​com os Alimentos é fundamental

Estabelecer uma relação alimentar positiva durante a infância, pode trazer benefícios para a vida toda. Não tenha medo de deixar a criança tocar, pegar, cheirar, amassar a comida enquanto come. Isso é importante para o bebê. Além disso, é importante respeitar a quantidade que o bebê aceita por refeição. Uma dica comum que os bebês estão satisfeitos é virar a cabeça. Com um pouco de paciência e criatividade, você pode aproveitar e tornar a primeira experiência com os alimentos divertida para todos os envolvidos!

Adriana Stavro

Nutricionista Mestre pelo Centro Universitário São Camilo Curso de formação em Medicina do Estilo de Vida pela Universidade de Harvard Me...

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