Banco Público X Banco Privado

As diferenças entre os bancos públicos e privados

O Banco Público, tecnicamente denominado banco alogênico, é, por definição, uma atividade sem fins lucrativos. Seu único propósito é disponibilizar células de cordão umbilical para transplante como alternativa ao emprego de medula óssea, cuja obtenção, no caso de doador não-aparentado, é muito difícil e custosa.

Quem opta armazenar o material a um Banco Público está doando sangue do cordão umbilical. Este material poderá ser utilizado por qualquer pessoa que necessitar. A doação corre sob sigilo.

Segundo informações da assessoria de imprensa do Banco Público de Sangue de Cordão Umbilical do Hospital Israelita Albert Einstein, as chances de uma pessoa ter leucemia durante os primeiros 20 anos de vida, período em que se admite que suas células congeladas se mantenham viáveis, é de 1 em 20 mil. Outra limitação é que a quantidade de células obtidas de um único cordão pode, no máximo, servir para o tratamento de pacientes com até 60kg. Com a existência de bancos públicos, torna-se possível combinar cordões geneticamente compatíveis e tratar pacientes de maior peso. Para a Dra. Ângela Cristina Malheiros Luzo, Diretora do Serviço de Transfusão e Banco de Sangue de Cordão do Hemocentro da Unicamp. um Banco Público traz benefícios mais diretos para a sociedade. “O Banco Público visa obter um número de bolsas de sangue de cordão congelas suficiente para que toda a diversidade de HLA (antígenos de compatibilidade leucocitária) Brasileira seja atingida. Portanto qualquer pessoa que necessitasse de células tronco para um transplante e que não tivesse doador na família, poderia obter estas células no banco público, sem custo algum”, afirma Dra. Luzo.

De acordo com dados fornecidos pelo Hospital, o tempo médio para identificação de doador compatível pelo Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome) e o transplante é de seis meses. Com o Banco Público, esse intervalo foi reduzido para 20 dias, pois o produto já se encontra congelado e testado.

Das cerca de 3 mil indicações anuais para transplante de medula óssea no Brasil, 1.700 não possuem doador aparentado, tendo, portanto, que enfrentar a lista de espera da doação. Já a busca por um doador compatível no exterior leva em média seis meses e custa em torno de U$ 40 mil. As células-tronco do sangue do cordão umbilical armazenadas pelo RedeCord estarão acessíveis com tempo médio de busca previsto para cerca de 20 dias, assim que se atingir a meta de 12 mil amostras armazenadas. Outra informação importante é que bancos públicos de sangue de cordão umbilical em todo o mundo trabalham com excesso de oferta, não havendo fila, mas, ao contrário, dois ou mais cordões compatíveis para cada demanda.

Já nos Bancos Privados, chamados de autólogos, o material fica armazenado para uso dafamília, seja pela própriacriança ou familiares, estando imediatamente disponível para utilização. As chances de um doador com parentesco de primeiro grau ser compatível é de 1 para 4. Se o sangue de cordão estiver armazenado num Banco Privado, este poderá ser utilizado para transplante entre familiares, dispensando o procedimento cirúrgico necessário na doação de medula, ou a procura de um doador compatível em bancos de medula óssea, onde a chance de compatibilidade é de 1 para 1.000.000.

Segundo a Dra. Silvia Azevedo, bioquímica farmacêutica e vice-presidente de um Banco Privado, “um outro fator é o de que quando o paciente recebe células de um doador de banco público ele deverá fazer uso de medicação para evitar a rejeição, que deve ser administrada por toda a vida do paciente que recebeu o transplante. Essa medicação é cara e traz muitos efeitos colaterais. Assim se o paciente possui suas próprias células ele não sofrerá esses efeitos”.

Além disso, hoje em dia é possível recorrer aos bancos públicos apenas em casos de leucemias, e não para o tratamento de outras doenças degenerativas ou crônicas que hoje estão sendo cogitadas. Outra crítica feita aos Bancos Públicos é que no Brasil ainda falta uma estrutura maior para atender a demanda. Para Dra. Luzo, a realidade não é esta. “O Banco Público está consolidado no país com o BrasilCord. As coletas já estão acontecendo no Rio de Janeiro, no INCA, e no Einstein, em São Paulo”. E completa “em Campinas, estamos coletando ainda para a validação e brevemente iremos iniciar a coleta oficialmente – após autorização da vigilância sanitária. Já o Hemocentro de Ribeirão Preto está em processo de validação. Nos outros estados, os Bancos estão iniciando a viabilização do projeto”.

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