Amamentação e estresse não combinam

Entenda a relação entre estresse e problemas na amamentação, compreendendo como o corpo da mulher se prepara para amamentar

Sabe aquelas respostas que ouvimos frequentemente de mamães que não conseguiram amamentar, tais como: “Meu bebê chorava muito de fome porque meu leite era fraco“, “O meu leite secou” ou então “Eu não tinha muito leite para alimentá-lo“.

A resposta para essas perguntas acima pode estar no nível de estresse que essas mulheres passaram.

“Não existe leite fraco e é muito raro mulheres que não têm leite. O que pode existir são fatores, tanto físicos quanto emocionais, que impedem o bom funcionamento do organismo e seus hormônios, interferindo na amamentação”, explica a fonoaudióloga Jamile Elias.

Para entender melhor a relação entre estresse e problemas na amamentação, vamos primeiro abordar o “funcionamento” do corpo feminino na gravidez. Os seios começam a se preparar para a amamentação logo no início da gravidez. Os hormônios estrógeno e progesterona, produzidos pela placenta, deixam os seios maiores e mais sensíveis.

As aréolas escurecem e nelas aparecem pequeninos caroços que secretam uma substância que limpa e protege o mamilo para que o bebê possa se alimentar tranquilamente.

A partir do nascimento do bebê, o corpo da mulher joga na corrente sanguínea um hormônio chamado prolactina, que chega aos alvéolos mamários localizados no interior dos seios, onde o leite materno é produzido.

Pra que fique bem claro: leite materno produzido não quer dizer que o leite “desça”. Para a descida do leite, o bebê que nasceu precisa sugar o seio da mamãe.

A sucção do bebê aciona as terminações nervosas do mamilo, que levarão para o cérebro da mamãe a afirmação de que existe um bebê querendo se alimentar. O cérebro, então, responde com a produção de um hormônio chamado ocitocina.

A ocitocina chegará até os músculos existentes perto dos alvéolos mamários, que se contrairão, fazendo com que o leite materno chegue aos mamilos, permitindo ao bebê se alimentar do melhor alimento.

Mãe estressada com seu filho no bebê conforto e roupas espalhadas pela casa - foto: Andrey_Popov/ShutterStock.com

Relação entre estresse e má amamentação

Uma situação de estresse pode fazer com que a mamãe produza menos leite ou mesmo que o reflexo de descida do leite seja inibido. Os hormônios do estresse são capazes de inibir a ação da prolactina (produção do leite) e da ocitocina (descida do leite).

Papais machões que não apoiam nem ajudam a mamãe durante a amamentação, seja com os outros filhos, com a casa ou simplesmente não trazendo um copo de água quando sua mulher estiver oferecendo o peito para o bebê, são atitudes que deixam a mamãe preocupada com muito mais coisas do que somente a amamentação, deixando-a ainda mais intranquila.

Lembre-se: problemas no trabalho ou uma depressão também são fatores da inibição da produção e descida do leite. Além disso, mamães estressadas terão mais dificuldades em acomodar direitinho a criança no peito. Com isso, o bebê poderá não abocanhar direito a aréola, sugando com deficiência e, consequentemente, se alimentando pouco.

Como a sucção libera a ocitocina, a descida do leite também estará prejudicada. A consequência desses dois fatores juntos: choro do bebê por fome e mais estresse por parte da mamãe, tornando um ciclo vicioso até haver o desmame precoce.

A mãe deve amamentar com tranquilidade para que o leite desça e o bebê abocanhe adequadamente o mamilo para que todos os hormônios do organismo da mamãe funcionem da maneira mais sincronizada possível.

Dicas

  • Na hora de amamentar procure um lugar bem sossegado e que ninguém atrapalhe esse momento tão prazeroso e importante tanto para mamãe e bebê.
  • Não se sinta mal educada de pedir que uma visita vá embora ou não venha até a sua casa porque você está se sentindo cansada. Aproveite o momento para descansar.
  • Peça ajuda sempre, seja de profissionais ou mesmo do maridão. Amamentar não é instintivo. É um ato a ser aprendido e que precisa de tranquilidade.

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