Afinal, o que é esse tal “limite” que tanto se fala que as crianças não têm?

Será que as crianças, atualmente, estão sem educação? O que fazer quando elas interrompem as conversas dos adultos, não ouvem e querem toda a atenção só para si?

O que mais se escuta, atualmente, em relação à educação infantil, é que “as crianças não têm limites”. Mas, afinal, o que isso significa? Será que, por mais que os pais tentem, os pequenos não aprendem a educação que lhes é ensinada? “Não é bem assim. Hoje, as crianças têm mais liberdade e menos orientação clara em relação às regras de convívio social. Por isso, invadem o limite alheio”, diz a pedagoga Katarina Bergami.
É por isso, portanto, que o termo “limite” é tão utilizado. “Em tempos passados, era dentro de casa que se ensinava a criança a não interromper a conversa dos adultos, a respeitar o espaço e os objetos das outras pessoas, a não mexer no que não lhe pertencia. Agora, essas regras se perderam e se elas não existem dentro de casa, não serão respeitadas em nenhum lugar, mesmo quando a pessoa se torna adulta e vai para o mercado de trabalho. A criança possui uma liberdade infinita e não sabe o que fazer com essa liberdade porque ninguém a ensina”, pondera a educadora.
impondo limites às crianças - Foto: peoplecreations / Freepik
Saber ouvir
Para Katarina, um dos principais exercícios que os pais precisam realizar em casa é o de ensinar a criança a ouvir. “Em família, toda a atenção é para a criança. Ela é ouvida o tempo todo e atendida em todas as suas necessidades, imediatamente. Desta maneira, não aprende a escutar os demais membros da família e dar a eles espaço para que falem. É justamente por isso que surge o comportamento inconveniente da criança que quer toda a atenção para si e não deixa os pais conversarem”, destaca.
Na prática, os pais precisam ser firmes, dizendo à criança: “eu escuto você, agora você me ouve (ou ouve o irmão ou outro familiar)”. Desta maneira, a criança vai criando o hábito de ouvir, entender e a paciência de esperar sua vez. “No começo, não é fácil, como nada é fácil na educação. Mas, com o tempo, tudo se ajeita.”
Para se ter ideia de como essa questão é importante e se repete em todas as famílias, ela é uma das mais problemáticas na escola. “Os professores levam meses para conseguirem ser ouvidos porque todas as crianças querem falar ao mesmo tempo. Realmente, eles não sabem respeitar o limite entre ficar quietos e escutar o professor porque não têm essa regra em casa”, exemplifica.
A questão dos “limites”, portanto, passa por regras claras e aplicação de bons hábitos. “Se os pais forem firmes em seus propósitos, não precisarão punir as crianças. Elas entendem, mas querem toda a atenção para si. Nós temos a tendência óbvia – e justa – de amá-las a ponto de colocar toda a atenção à disposição delas, mas, devemos nos lembrar que elas precisam saber que fazem parte de um mundo em que há outras pessoas que merecem ser ouvidas, respeitadas e amadas também”, finaliza a educadora, que também atua como coordenadora educacional da Faces Bilíngue.

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