Parto humanizado pelo SUS, é possível?

Nem todo mundo tem condições financeiras de pagar por uma maternidade particular, um médico humanizado e uma doula, portanto acabam recorrendo ao parto em hospitais públicos. Mas é possível parir e forma humanizada no SUS?

Já acompanhei nesses 3 anos alguns partos em maternidades públicas de Florianópolis. Aliás o primeiro parto que acompanhei (que faz este mês 7 aninhos!!!) nasceu em um hospital público em São José.

Não, não foi um parto humanizado. Foi uma indução, onde a parturiente passou 98% do tempo deitada na sua cama, num quarto sem privacidade, sem poder se alimentar, sem ter uma bola a disposição ou um chuveiro. Quando a indução começou a funcionar ela não tinha opção a não ser seguir o instinto de ir ao banheiro, e caminhar um pouco. Como era o meu primeiro parto, nem doula eu era, ajudei como pude, incentivando e fazendo massagem. O médico que atendeu o parto foi grosseiro, e ela passou por todas as violências obstétricas possíveis.

Mas hoje algumas maternidades já seguem a linha do parto humanizado – que nada mais é – devolver o protagonismo do parto a mulher, deixando com que ela se alimente, use o chuveiro, caminhe, e receba orientações do que ela pode fazer – se quiser- durante o trabalho de parto. Em Florianópolis o HU (hospital universitário) é a instituição que temos como referência nesse tipo de parto, o mais perto do ideal, pelo menos.

A maternidade possuiu estrutura para partos de cócoras, com cadeiras projetadas para deixar a mulher confortável no expulsivo, além de bolas no corredor, cavalinho, puff, e o banheiro com um chuveiro. O primeiro parto que acompanhei lá (e fez 3 anos em Abril) foi totalmente natural. Passamos a madrugada usando esses itens que ajudaram muito, e o bebê nasceu junto com o sol.

Mas pode doula no SUS?

Sim, qualquer maternidade pública de Florianópolis aceita um acompanhante por parturiente, então, é ou a Doula ou o companheiro (acompanhante, mãe, etc.) Por isso, dificilmente acompanho partos pelo SUS, pois não acho justo, e nem próximo do ideal, excluir o pai do bebê de um momento tão importante. Portanto quando o parto está previsto para acontecer em um hospital público, geralmente faço o acompanhamento da gestação, ajudando o casal a se preparar e saber o que fazer no trabalho de parto, além de acompanhar o processo em casa até que esteja em fase ativa e a mulher sinta que é a hora de seguir para o local do parto. Esse acompanhamento é super importante também.

Mas por quê não posso ter doula e alguém da minha escolha?

Em 2011 liguei para uma maternidade pública da cidade e falei com a Enfermeira chefe do CO (centro obstétrico), ela disse que não permitiam pois outras parturientes poderiam reclamar, afinal, se é só um acompanhante tem que ser pra todo mundo. Além disso, outros locais afirmam não ter espaço físico para cada mulher que quiser duas pessoas no parto, sendo doula ou não. Mas isso é aqui em Floripa, outras cidades do Brasil, aceitam a doula e o marido, mesmo em casas de parto e hospitais públicos. Para mudar essa realidade as mulheres devem lutar por isso, afinal, nada vem fácil.

Mas então, se eu for para um hospital público, terei um parto humanizado?

Depende. Sabemos que tanto em hospitais particulares quanto públicos, o seu atendimento dependerá totalmente da equipe de plantão. Se você tiver a sorte de pegar um médico a favor do parto humanizado, natural, de plantão, certamente suas chances de conseguir um parto do jeito que sempre sonhou, são grandes. O que importa não é o local do parto, e sim, a equipe que vai atender esse nascimento.

Então, se a única opção for fazer um parto pelo SUS, leia bastante, informe-se, faça cursos de preparação para o parto natural e tenha uma doula.

É importantíssimo que a mulher siga para o hospital apenas em fase ativa de trabalho de parto, com contrações de 3 em 3 minutos por mais de 1 hora, intensas, para evitar procedimentos desnecessários.

Desejo a todas,

uma boa hora!

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Cristina de Melo

Doula Sempre fui apaixonada por grávidas e bebês, desde criança, e aos 16 anos acompanhei meu primeiro parto. Aos 17 anos me tornei mãe o ...

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