Parto em casa

Dar à luz na própria residência pode representar riscos?

O avanço na medicina e em exames complementares registrado nas últimas décadas gerou uma “medicalização” intensa em diversas especialidades e, em especial, quando relacionada à gestação. Muitos partos com potencial de serem realizados de forma natural e espontânea acabavam em cesáreas desnecessárias, dando ao país o vergonhoso título de campeão mundial em cesarianas. “A Organização Mundial da Saúde aceita como taxa normal de cesáreas cifras em torno de 20% dos partos – índices presentes na maioria dos países desenvolvidos. Isso significa que a cada 10 pacientes que estejam em trabalho de parto, duas precisam da cesárea para assegurar um recém-nascido saudável”, revela a Dra. Flávia Fairbanks, ginecologista especializada em sexualidade humana.

Em resposta às altas taxas de partos operatórios registrados no Brasil, teve início um forte movimento em prol do parto normal. O governo instituiu campanhas a favor do método e grande parte da mídia apoiou a iniciativa.

Já em relação aos obstetras, houve certa apreensão quando a campanha começou a incentivar o uso das “casas de parto”, muitas vezes localizadas longe dos hospitais e, principalmente, pelo fato de não haver nesses locais possibilidade de se converter um parto normal em cesárea no caso de uma emergência. “A iniciativa do parto domiciliar vem ganhando força há alguns anos, mas nessa situação a possibilidade de socorro numa emergência é muito pequena. A mãe pode necessitar de cuidados mais amplos, como a analgesia de parto para suportar a dor das contrações, medicamentos para controlar a pressão arterial durante o trabalho de parto, entre outras necessidades. Quanto ao bebê, ele pode precisar de manobras de reanimação neonatal para garantir a boa oxigenação do sistema nervoso ao nascer. Todas essas etapas requerem aparelhagem e pessoal treinado, tanto equipe médica quanto enfermagem, dificilmente encontrados numa situação de parto domiciliar”, declara Dra. Flávia.

A ginecologista afirma ser favorável ao parto normal, desde que haja garantia absoluta de conforto para a mãe e a criança, através de um ambiente adequado, com a devida assistência médica, de enfermagem e com o equipamento de suporte para os casos de emergência, como aparelho de anestesia, oxigênio e neonatologistas experientes em reanimação neonatal. “O momento do parto pode ser decisivo para as demais etapas da vida do ser humano. O tipo de assistência recebida pela gestante e pelo bebê poderá determinar se o resultado final será positivo, com mãe e filho saudáveis e em segurança”, finaliza a médica.

Mulher em trabalho de parto na banheira - foto: ChameleonsEye/ShutterStock.com

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