Incontinência urinária em crianças

O estudo avaliou os resultados e a eficácia de diferentes tipos de tratamento, envolvendo 100 crianças com diagnóstico de perda de urina

Estudo realizado pelo Hospital Municipal Infantil Menino Jesus em parceria com o Sírio-Libanês obteve reconhecimento internacional e recebeu um dos prêmios mais importantes na área de Incontinência Urinária. A entrega aconteceu esse mês, durante o Congresso da Sociedade Internacional de Continência, em Florença, na Itália.

O trabalho, eleito na categoria “Incontinência Pediátrica”, de Melhor Tema Livre, foi conduzido pela fisioterapeuta Joceara Reis, orientada pelo urologista Prof. Flavio Trigo Rocha, presidente da SBUSP – Sociedade Brasileira de Urologia de São Paulo e coordenador do Centro de Incontinência Urinária do Hospital Sírio-Libanês e de Enurese e Distúrbios da Eliminação (CEDEIA) do Hospital Menino Jesus.

O objetivo principal foi comparar a eficácia da técnica de biofeedback de emg (equipamento que acompanha e mede as contrações musculares do assoalho pélvico) e a estimulação elétrica parasitral transcutânea, que libera uma corrente elétrica que ativa a musculatura por meio dos eletrodos em pacientes com disfunção urinária inferior.

Incontinência urinária em crianças - Foto: PlumePloume / pixabay.com

O estudo avaliou a história clínica dos pacientes, o desenvolvimento físico e o mapa de enurese noturna – hábito involuntário de urinar durante o sono – em crianças na faixa etária de 5 a 16 anos e com diagnóstico de perda de urina. “Alguns indivíduos podem ter um fluxo urinário menor devido à incapacidade de armazenar a urina, levando a um funcionamento desordenado”, explica Trigo.

Levantamentos apontam que doenças no sistema urinário são uma das que mais afetam a qualidade de vida das pessoas, perdendo apenas para a depressão. Por isso, o diagnóstico e tratamento são fundamentais para quem sofre do distúrbio. “Uma pessoa com incontinência urinária, por exemplo, se distancia do convívio social”, diz o urologista.

Resultado:

O levantamento mostrou que, em 70 por cento dos casos a disfunção urinária está presente, 20 por cento corresponde ao tipo de vesico-esfíncter e 10 por cento estão associados à síndrome da bexiga hiperativa. Quanto aos sintomas, a enurese noturna foi diagnosticada em 64 por cento dos casos, sendo 43 por cento constipação e 34 por cento infecção urinária.

“Ambos os tratamentos proporcionam resultados satisfatórios, embora a técnica de biofeedback necessite de menos sessões. São eficazes para o tratamento da disfunção miccional em ambos os casos e isso significa melhorias para paciente durante o dia, em sintomas noturnos, trazendo mais qualidade de vida”, conclui o urologista.

A avaliação foi repetida logo após o tratamento e ao final de seis meses. Foram considerados bons os resultados de cura com melhora superior a 50 por cento. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética do Hospital Sírio libanês e Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

Estatísticas:

No Brasil, estima-se que o distúrbio atinja 20 milhões de pessoas entre adultos e crianças. A incidência costuma aumentar com a idade, principalmente entre as mulheres. Acima dos 50 anos, até 20 por cento delas enfrentam problemas como dificuldade de esvaziar a bexiga, incontinência urinária, síndrome da bexiga hiperativa ou enurese noturna. Estes quadros também são agravados no caso de grupos específicos, como neuropatas, diabéticos ou pacientes oncológicos.

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