Como evitar que a criança adoeça na volta às aulas?

Especialista explica porque é tão comum que os pequenos fiquem doentes nessa época e o que fazer para minimizar as infecções de repetição

Fim de férias costuma ser um período estressante para os pais. Não bastassem os gastos extras com material escolar, a readequação da rotina das crianças, há ainda a ameaça constante de que no momento em que o filho pisar na escola vai começar a ficar doente. Ninguém está livre de ficar doente, mas crianças – graças ao seu sistema imunológico imaturo – tendem a ser ainda mais vulneráveis. Consequentemente, são dias, muitas vezes semanas ou meses, de ida a hospitais e consultórios. “Crianças até 3 anos têm ainda o risco de desenvolver a ‘Síndrome da Creche’, que acomete os pequenos a infecções repetidas, como faringites, otites, amigdalites, entre outras”, explica o otorrinolaringologista do Hospital CEMA, Milton Orel.
Mas por que crianças adoecem tanto nos primeiros anos de vida escolar?
“Um dos fatores mais importantes é que elas entram cada vez mais cedo na escola. Nessa fase alguns anticorpos ainda estão em processo de formação; o sistema imunológico pode ser um pouco mais deficitário”, detalha o médico. Fora esse aspecto, existem outros que entram na conta: o verão e a maior frequência em praias, rios e piscinas aumentam os casos de otites (inflamações no ouvido), enquanto o uso intenso de ar-condicionado e ventiladores favorecem as alergias respiratórias.
como evitar que a criança adoeça na volta às aulas - Foto: Wokandapix / pixabay.com
E tem mais: viajar também faz com que as crianças se alimentem em lugares incomuns e diferentes, o que pode ser porta de entrada para verminoses. Muitas escolas tendem a fazer reformas no período de recesso, o que aumenta a exposição a poeira e produtos químicos, como a tinta, por exemplo. Por fim, o contato com crianças, que voltam das férias não somente com novidades, mas também com uma “flora bacteriana” nova, aumenta os episódios de viroses, conjuntivites e problemas respiratórios, graças à exposição a novos vírus e bactérias. “Tem ainda o fato de que os cuidados são menores, por parte dos pais, do que no período escolar. Os pais tiram férias também”, diz o especialista.
Não é possível evitar completamente que as crianças adoeçam nessa fase. Faz parte do desenvolvimento do sistema imunológico essa exposição aos micro-organismos. No entanto, algumas medidas podem ajudar a minimizar os episódios de doença. Manter a carteira de vacinação em dia, prolongar a amamentação o máximo possível, tendo em vista que o leite materno é um dos principais responsáveis pelo fortalecimento do sistema imunológico infantil; alimentação equilibrada e rica em nutrientes, hábitos de higiene pessoal e coletiva, banhos de sol diários e prática de atividades físicas são algumas ações bastante eficientes”, garante Orel.
Entre as principais medidas de higiene que devem ser ensinadas e adotadas desde cedo está a de lavar as mãos regularmente, principalmente antes das refeições, antes e depois de ir ao banheiro, ao chegar da rua, especialmente se a criança ficou em lugares com aglomeração, como transportes coletivos. Essa importante atitude é essencial, tendo em vista que a maior parte das viroses entra pela via digestiva, começando pela boca. “Lavar as mãos é uma atitude que faz o ser humano viver mais a cada ano, por incrível que pareça”, esclarece o médico. Quando não for possível fazer isso, pode-se utilizar álcool gel. Além de tudo, é preciso caprichar na higiene dos alimentos, objetos e brinquedos. Com essas medidas, os episódios de doença certamente serão menores, para alívio das crianças – e também dos pais.

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