Asma na infância

Diagnóstico correto melhora a qualidade de vida da criança asmática

A Asma é uma doença inflamatória crônica das vias aéreas, resultante de uma interação entre fatores genéticos e múltiplos estímulos, alergênicos ou não, que determinam o aparecimento de tosse, chiado no peito, falta de ar e cansaço, principalmente a noite e pela manhã ao acordar.

A asma é um problema de saúde pública mundial e sua prevalência está aumentando. A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que 300 milhões de pessoas têm asma. Globalmente, cerca de 250.000 pessoas morrem prematuramente a cada ano em consequência da doença.

Apesar da dificuldade para se diagnosticar asma na infância, existem evidências que sugerem que metade de todos os casos são diagnosticados até os 3 anos de idade e 80% até os 6 anos de vida. Nas crianças, há um predomínio no sexo masculino, relacionado, principalmente, às vias aéreas mais estreitas. Na idade adulta o predomínio passa a ser do sexo feminino.

Ainda não há cura para a asma, mas com diagnóstico correto, tratamento e educação, o paciente pode obter o controle da doença, ter uma redução do risco de novas crises, o que garante uma boa qualidade de vida.

As causas fundamentais da asma ainda não são completamente compreendidas. Os fatores de risco para a asma são uma combinação de predisposição genética, infecções respiratórias e exposição ambiental a substâncias e partículas inaladas que podem provocar reações alérgicas ou irritar as vias aéreas, tais como:

  • alérgenos domiciliares (por exemplo, ácaros da poeira doméstica, fungos e pelos de animais)
  • alérgenos exteriores (tais como polens, fungos e pelos de animais)
  • fumaça de cigarro e outros tipos de fumaça
  • poluição do ar ou exposição a irritantes químicos

Alguns estímulos podem desencadear as crises, embora não sejam os causadores da asma, como a exposição ao ar frio, excitação emocional extrema, odores fortes, exercício físico e uso de certos medicamentos (aspirina e outros anti-inflamatórios não-esteróides, beta-bloqueadores – usados no tratamento da hipertensão, doenças cardíacas, enxaqueca e colírios para glaucoma).

Assim, as medidas para controle do ambiente tornam-se fundamentais para controle e exacerbação da doença.

Medidas importantes para o controle do ambiente:

  1. Manter a residência ventilada e dormir em quarto arejado. Usar diariamente aspirador de pó ou pano úmido em toda a residência, principalmente nos locais em que permaneça por mais tempo.
  2. O paciente deve abster-se de espanar, varrer, arrumar camas, gavetas, estantes, etc.
  3. Revestir o travesseiro e o colchão com capa impermeável à passagem de ácaros e suas secreções. Lavar a capa 1X/mês.
  4. Evite usar acolchoados de lã, penas ou algodão, pois se tornam depósito de poeira e são de difícil lavagem.
  5. Evitar ambientes empoeirados, como bibliotecas, sótãos, porões, adegas, tulhas, celeiros, etc.
  6. Se o paciente dormir no mesmo quarto com outra pessoa, esta deverá seguir as mesmas orientações.
  7. Retirar tapetes e carpetes do ambiente.
  8. Evitar o uso de inseticidas, “spray” e aparelhos elétricos repelentes de insetos.
  9. Evitar odores fortes: desinfetantes, água sanitária, fumaça, gasolina, ceras e solventes orgânicos. Evitar ficar em casas pintadas recentemente ou fechadas por muito tempo.
  10. Evitar animais como cão e gato dentro de casa.
  11. Afastar a criança da inalação de fumaça de cigarro.
  12. Retirar os bichos de pelúcia do ambiente.

A asma, como já falado, não tem cura mas tem controle. Atualmente existem tratamentos preventivos, eficazes e seguros que ajudam a diminuir a inflamação dos brônquios e a criança consegue levar uma vida normal e ativa, sem entrar em crises. A duração do tratamento é variável e depende do grau (classificação) da doença. Conforme a criança vai crescendo, as crises vão diminuindo e na maioria dos casos o tratamento é suspenso.

A asma na infância não deve ser negligenciada esperando-se que ela desapareça à medida que a criança cresça. Em geral, crianças com asma leve tem bom prognóstico. Entretanto, as com formas moderada ou grave provavelmente continuarão a ter, no transcorrer da vida, sintomas e consequentemente complicações decorrentes da doença não controlada.

Dra. Priscila Catherino
Dra. Priscila Catherino

Dra. Priscila Catherino é médica Pediatra com especialização em Pneumologia Pediátrica. Formada pela Faculdade de Medicina do ABC (FMABC),...

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