Aplicação terapêutica do sangue de cordão umbilical e placentário

O primeiro transplante utilizando o sangue de cordão umbilical e placentário (SCUP) foi realizado com sucesso no ano de 1988, no Hospital Saint-Louis em Paris, França, onde um garoto de 6 anos apresentando anemia de Fanconi foi transplantado com o sangue de cordão de sua irmã recém-nascida, HLA compatível e saudável. Comprovou-se que o sangue de cordão umbilical é uma excelente fonte de Células Progenitoras Hematopoéticas (ou Células Tronco Hematopoéticas – CTH) e uma alternativa à utilização de medula óssea, para o tratamento de doenças hematológicas e oncológicas.

Atualmente, o sangue armazenado pode ser utilizado para o tratamento de casos de leucemias, anemias e linfomas, ou seja, pacientes com indicação de transplante de medula óssea. E os resultados são melhores porque em vez dos 100% de compatibilidade obrigatória entre doador e receptor no caso do transplante de células da medula óssea, o transplante com células do sangue de cordão umbilical exige apenas 70% de compatibilidade. Há vantagens também em termos de coleta. Enquanto a extração das células de medula do doador requer uma pequena cirurgia precedida por anestesia geral, a extração da célula de cordão é feita diretamente daquele material que vem sendo, há milênios, descartado logo após o parto, e não oferece nem riscos nem incômodos ao doador.

“Os estudos quanto à utilização de células tronco estão ainda numa fase inicial, pré-clínica, ainda em animais, na grande maioria dos centros. O futuro parece promissor. Devemos ressaltar que nos estudos em humanos que alguns grupos estão realizando a células utilizadas são as da medula óssea”, explica a Dra. Ângela Cristina Malheiros Luzo, Diretora do Serviço de Transfusão e Banco de Sangue de Cordão do Hemocentro da Unicamp.

Nos casos de tratamento de diabetes e doenças do coração que já estão sendo feitos, as células-tronco são retiradas do próprio paciente, da medula óssea. Existem muitas pesquisas em relação ao uso de células-tronco, mas ainda não há confirmação científica da maioria dos estudos. Segundo o INCA, Instituto Nacional de Câncer, a maioria dos transplantes de medula óssea realizados atualmente utilizam sangue de cordão umbilical. “Muitos cordões ainda vêm de fora do país porque a rede BrasilCord, rede de Banco Público de Armazenamento, foi estruturada há pouco tempo, no ano passado”, esclarece Luis Fernando Bouzas, diretor do Centro de Transplante de Medula Óssea do INCA. Mesmo assim, até maio de 2007 já haviam sido realizados 27 transplantes com cordão umbilical armazenado nos bancos públicos do Brasil. “No Japão, por exemplo, 50% dos transplantes de medula já são feitos com as células extraídas do sangue do cordão umbilical”, afirma Dr. Carlos Alberto Moreira-Filho, superintendente do Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa Albert Einstein e coordenador do Banco Público no Hospital. Dados fornecidos pelo Banco Público de Sangue de Cordão Umbilical do Hospital Israelita Albert Einstein, no Brasil, há aproximadamente 3 mil indicações anuais para transplante de medula óssea, sendo que 1.700 não possuem doador aparentando ou compatível e precisam recorrer à lista de espera por doador.

No futuro, as qualidades de transformação das células-tronco podem representar tratamentos para muitas doenças que afetam milhões de pessoas no mundo. Por exemplo, uma injeção de células-tronco no cérebro de um portador de mal de Parkinson pode regenerar as funções dos neurônios do paciente e levar à cura. Outras terapias podem incluir diabete, mal de Alzheimer, derrames, enfartes, doenças sanguíneas ou na espinha e câncer. Problemas genéticos também poderão ser tratados a partir de células-tronco.

A utilização dessas células permitiria testar em tecidos humanos os efeitos terapêuticos e colaterais de drogas, sem a necessidade de uso de animais cobaias.

Deixe um comentário