Alimentação infantil – porções indicadas para crianças menores de dois anos

Veja quais são as quantidades e as texturas ideais dos alimentos para cada faixa etária dos 6 meses aos 2 anos do bebê

Vamos abordar de forma simplificada sobre um questionamento muito frequente a respeito da porção de cada alimento que podemos oferecer ao bebê com idade de até 2 anos.

Até os seis meses: já sabemos que a indicação é o aleitamento materno exclusivo com livre demanda. Lembrando que é importante observar que se faz necessário esvaziar uma mama antes de passar para a próxima mama, assim a criança terá acesso ao leite final que é mais rico em gordura de excelente perfil nutricional e que, portanto, possibilitará um ganho de peso adequado.

Após o sexto mês: oferta da alimentação complementar, mantendo o aleitamento materno, conforme já detalhado na publicação Alimentação saudável para criança desde o primeiro ano de vida.

Importante:

– Não forçar a criança a comer mais do que ela aceita naquela refeição. O apetite da criança será autorregulado com a introdução adequada dos alimentos. Importa manter os intervalos entre as refeições de 2 a 3 horas.

– Nunca oferecer compensações (presentes, guloseimas, dinheiro, etc) para a criança aceitar a alimentação, pois são mecanismos compensatórios que levarão a criança a desenvolver comportamentos alimentares inadequados.

– As quantidades de alimento ou preparações são diferentes para cada criança, ainda que as mesmas sejam da mesma idade. Vai depender muito do metabolismo, situações biológicas que podem aumentar ou reduzir o apetite de cada criança. Assim, nunca estabeleça comparações com as outras crianças, sobre preferencias alimentares ou quantidade ingerida em cada refeição.

– As preferências alimentares serão estabelecidas de acordo com os alimentos ofertados para criança. Por isso, uma oferta de alimentos monótona deve ser evitada. É comum que os cuidadores da criança mantenham a oferta de alimentos já conhecidos pela criança, repetidamente. Essa atitude é prejudicial para formação de hábitos alimentares saudáveis no decorrer de sua vida;

Bebê com colher na boca fazendo cara de triste - foto: gresei/ShutterStock.com

Vamos às orientações sobre porções de alimentos para crianças menores de dois anos, relembrando sobre o Esquema para introdução dos alimentos complementares, alimentos que podem ser oferecidos às crianças:

Tabela 1 – Esquema para introdução dos alimentos complementares
IdadeTipo de alimento
Até completar 6 mesesAleitamento materno exclusivo
Ao completar 6 mesesLeite Materno, papa de fruta*, papa salgada**
Ao completar 7 mesesSegunda papa salgada**
Ao completar 8 mesesGradativamente passar para a alimentação da família
Ao completar 12 mesesAlimentação da família
Fonte: Adaptação da Sociedade Brasileira de Pediatria (2006) *Papa de fruta: refere-se a uma preparação à base de fruta amassada ou picada. ** papa salgada: refere-se a uma preparação à base de arroz, feijão, vegetais, leguminosas, carnes ou peixes, etc.

Tabela 2 – Esquema alimentar para os dois primeiros anos de vida das crianças amamentadas:
Ao completar 6 mesesAo completar 7 mesesAo completar 12 meses
Leite materno sob livre demandaLeite materno sob livre demandaLeite materno e fruta ou cereal ou tubérculo
Papa de frutaPapa de frutaFruta
Papa salgadaPapa salgadaRefeição básica da família
Papa de frutaPapa de frutaFruta ou pão simples ou tubérculo ou cereal
Leite maternoPapa salgadaRefeição básica da família
(Fonte: Guia alimentar para crianças menores de dois anos, Ministério da Saúde, 2013).

Referência de porções de alimentos e textura de acordo com a faixa etária, recordando que podem ocorrer variações nas quantidades de acordo com cada criança.
IdadeTexturaQuantidade
A partir de 6 mesesAlimentos bem amassadosIniciar com 2 a 3 colheres de sopa e aumentar a quantidade conforme aceitação
A partir dos 7 mesesAlimentos bem amassados2/3 de uma xícara ou tigela de 250 ml
9 a 11 mesesAlimentos bem cortados ou levemente amassados3/4 de uma xícara ou tigela de 250 ml
12 a 24 mesesAlimentos bem cortados ou levemente amassadosUma xícara ou tigela de 250 ml
(Fonte: Guia alimentar para crianças menores de dois anos, Ministério da Saúde, 2013).

Orientações importantes

  1. O açúcar não deve ser adicionado a alimentação da criança antes dos dois primeiros anos de vida. Uma ação simples que evitará diversas doenças no decorrer de sua vida, além do que é um passo importantíssimo na determinação de boas escolhas alimentares para a mesma.
  2. Alimentos ultraprocessados (enlatados, embutidos, congelados, preparações instantâneas, refrigerantes, salgadinhos, frituras, doces, gelatinas industrializadas, refrescos em pó, temperos prontos, margarinas, iogurtes industrializados, queijinhos petit suisse, macarrão instantâneo, sorvetes, biscoitos recheados, achocolatados e outras guloseimas) não devem ser oferecidos às crianças por vários motivos: são alimentos excessivos em açucares, sódio, aditivos e conservantes artificiais e estão associados ao desenvolvimento de diversas doenças, inclusive as alergias e intolerâncias alimentares, anemia, obesidade e hipertensão. Além disso, são prejudiciais ao controle do apetite por não possibilitarem o processo de educação nutricional quanto a aprendizagem sobre os diversos sabores existentes nos alimentos naturais, já que são alimentos com sabores artificiais e super-palatáveis.
  3. Jamais ofereça sobremesa à base de leite após uma refeição que contenha alimentos ricos em ferro, tais como almoço e jantar. O cálcio prejudica a biodisponibilidade do ferro e combinações alimentares como estas ajudam no desenvolvimento da anemia.
  4. A desculpa de que a criança sofrerá caso não prove as guloseimas, não é uma verdade. A criança não conhece o sabor dos mesmos, não pode sofrer pelo que não conhece. Recordar que é uma rica oportunidade para família melhorar seus hábitos alimentares e não fazer dos alimentos ultraprocessados a base de sua alimentação diária.
  5. Água potável deve ser ofertada à criança nos intervalos entre as refeições durante todo o dia, após o sexto mês de vida e a introdução de novos alimentos. Para saciar a sede, água limpa é o melhor remédio. Sucos, mesmo os naturais devem ser limitados a quantidade máxima por dia de 50ml, podendo acompanhar o almoço ou jantar e nunca ser fornecido como uma refeição. A preferência é servir a fruta picada ou amassada.
  6. Importante também recordar: as preparações servidas para as crianças NÃO devem ser liquidificadas ( sopas, caldos, etc). São boas escolhas para almoço e jantar legumes bem cozidos, amassados ou picados (de acordo com a dentição da criança e o período da transição alimentar), carnes e peixes bem cozidos, sem adição de gordura, picadas ou desfiadas, arroz, feijões, batatas, inhame, preparações à base de milho, verduras e legumes em geral, sempre bem cozidos. Para os lanches, são boas opções as frutas raspadas, picadas ou amassadas.
  7. A criança deve ter uma alimentação saudável e baseada na cultura alimentar de sua região e família, aproveitando bem os alimentos disponíveis em sua localidade de moradia, valorizando os hábitos alimentares que sejam saudáveis e passados pelas gerações.
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Dra. Pollyanna Fernandes Patriota

Mestre em saúde Materno-infantil Doutorado em Nutrição pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) Mestrado em saúde Materno-infan...

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